
Glam: A Manoush virou fenômeno de moda entre as jovens parisienses, celebridades e fashionistas. Além disso, hoje a marca é reconhecida pelo estilo do kitsh, bohêmio e baby doll, do uso de cores como o cor de rosa e dos detalhes em botões, bordados e rendas. Qual é a fonte de inspiração na hora de criar as suas peças?
Frederique: Eu procuro criar minhas coleções de forma artesanal, buscando volumes, fuçando em brocantes e antiquários. A inspiração vem de tapeçarias ou botões antigos que acabam ajudando na hora de elaborar prints ou os pequenos detalhes, dando o toque minucioso para cada peça. Eu gosto de misturar diferentes materiais como o veludo e vários tipos de lã, o cashemire, a seda, o linho e o algodão. O fato de atualmente morar uma parte do tempo em Marakesh também ajuda muito no processo de criação. Eu sempre gostei de passear nos souks (mercados abertos) e utilizar a mistura de cores e bordados que se vêem nesta cidade.
Glam: Hoje nomes famosos como as cantoras francesas Olivia Ruiz, Lara Fabien e Vanessa Paradis (mulher de Johnny Depp) fashionistas como Paris Hilton e atrizes do cinema como Sharon Stone possuem peças da marca. Como foi a trajetória até alcançar este sucesso? Qual é a sua visão do reconhecimento da marca atualmente?
No começo foi difícil ser aceita pela imprensa, que me via com olhos desconfiados pois os meus invetidores vieram do meio popular, imagem diferente daquela que demos à Manoush, uma grife com conceito de criação, com estilo único e diferente do que se via. Foi difícil também provar aos investidores que aquele estilo fora do comum iria dar certo pois as pessoas em Paris não estavam habituadas com toda essa extravagância das nossas peças. Tive que batalhar muito pelas minhas idéias mas valeu a pena. Deu certo e hoje todos viram que era possível. Eu sempre fui muito tímida e acabo não me dando conta do sucesso que a marca faz pois eu amo criar e estou sempre voltada para este processo. É claro que fico super lisonjeada ao observar que celebridades que eu admiro como Vanessa Paradis e Olivia Ruiz vestem minhas roupas em programas de televisão, em capas de cd's, em seus shows e elogiam-nas em entrevistas a diversas revistas de moda.
Glam: Como a sua mudança para Marrakesh neste ano está influenciando as próximas coleções?
Frederique: Morar no Marrocos foi uma escolha de vida e ao mesmo tempo acabou influenciando e acelerando ainda mais a elaboração das minhas produções. O fato de não ser interrompida pelo barulho, conversa das pessoas que estão à sua volta como é o caso da oficina de estilo da nossa sede em Paris, acaba fazendo com que eu me concentre mais e a criação flui melhor. Além disso, as peças do inverno 2009, coleção que deve chegar às lojas em agosto deste ano, têm uma parte de coats, parkas e vestidos com bordados inspirados nas peças marroquinas. Eu utilizei muitas cores, florais e dourado para desenvolver os bordados das peças de inverno, buscando dar o toque oriental e ao mesmo tempo luxuoso. Na minha opinião a coleção deste inverno é a melhor de todas as que criei até hoje.
Para o verão 2010, eu tive que diminuir um pouco o uso de materiais luxuosos me adaptando ao cenário econômico de crise, mas mesmo assim mantenho o conceito Manoush do começo, um pouco mais simples, sem deixar de manter a assinatura particular à marca. A novidade é a reedição da túnica marroquina, peça que eu acho super feminina, na qual eu dei o meu toque pessoal, trazendo para o universo da grife.
Glam: A Manoush continua crescendo, teve a inauguração da loja na Avenue Montaigne no final do ano passado e a abertura das lojas em Marseille e Saint Tropez este ano. Quais são os projetos de expansão da marca?
Frederique: Nós estamos presentes nos melhores endereços em Paris e no restante do país, por isso agora paramos com as aberturas de lojas. O foco a partir do próximo ano é em comunicação. Vamos começar a anunciar, manteremos a assessoria de imprensa, daremos maior atenção ao desenvolvimento da imagem da marca. Temos um orçamento pesado previsto aos anúncios em grandes meios de comunicação.
Glam: Com a abertura da loja na Avenue Montaigne, a Manoush atingiu uma imagem de luxo. Essa característica está cada vez mais presente nas coleções, que evoluem para um estado mais couture com tecidos cada vez mais nobres e de qualidade. Como você descreve a evolução do estilo. Houve grandes mudanças?
Frederique: As coleçãos da Manoush evoluíram mas o conceito não mudou. Eu estava contente com as duas primeiras lojas no Marais e Rue du Jour em Paris. Para mim a abertura das outras boutiques foi um bônus, mas com a inauguração na Avenue Montaigne a marca acaba tendo uma demanda pelo que é mais luxuoso. Por, isso eu comecei a trabalhar com menos modelos e com maior acabamento nas peças. A qualidade dos materiais e os detalhes minuciosos da confecção é cada vez mais importante para nós. Eu sempre utilizei a Hamsa hand como símbolo de amuleto de sorte, usando desde a logomarca até em bolsas e em alguns prints das peças. Os brilhos e paetês também são característicos da grife. O uso de cores açucaradas, do rosa em diversos modelos faz a nossa assinatura. Mas é preciso conhecer seus limites e saber dosar bem para não cair no vulgar. E esse é o segredo da Manoush, usar a magia da fantasia da menina – mulher tomando o cuidado para não ser demais. Uma grande parte dos casacos da coleção de inverno também foi inspirada dos países do leste europeu. Utilizei as falsas peles, imitando as de coelho e carneiro com qualidade e design incomparáveis, para poder diminuir a produção, mesmo que pequena, dos casacos de peles verdadeiras.
Glam: Algumas peças da Manoush, como as bolsas de palha, reeditadas com fitas e brilhos foram sucesso e continuam fazendo parte das coleções. Como são feitas estas peças e onde elas são produzidas?
Frederique: Os paniers (bolsas de palha) Manoush são conhecidos desde o início do lançamento da marca. São os acessórios que sempre estão presentes em nossas coleções, sejam elas de verão ou inverno. Eles são produzidos no Marrocos por senhoras que bordam à mão em suas casas e demoram um momento para terminá-los. Cerca de trinta mulheres ajudam na confecção destas peças e para elas o trabalho é importante pois permite pagar as despesas da família, que na maioria dos casos é muito humilde. A média de salário que pagamos é considerada uma das mais altas da região e estas senhoras estão contentes pelo que recebem. A nossa política não é ganhar dinheiro em cima de pessoas que fazem o trabalho manual. Por isso eu insisto em continuar fazendo estas bolsas, mesmo se elas não sejam tão vendidas como no início, pois ajudam muitas famílias.
Infelizmente nem todas as marcas têm a mesma ética. Quando uma rede popular como H&M vende uma peça a 15 euros, a gente se pergunta a que condições são tratadas as pessoas que trabalham nas usinas fabricantes das peças. Não se deve fazer dinheiro a partir da exploração destas pessoas. Hoje, as clientes são conscientes de que quando se compra algo a um preço muito baixo, além da qualidade, que deixa a desejar, está a exploração humana de pessoas humildes.
Glam: A Manoush sempre esteve também engajada na causa pelos animais mau tratados. Em determinadas peças uma parte do dinheiro é destinado à Elga Heidrich, associação que ajuda os animais que sofreram maus tratos no Marrocos. Além disso, a imagem de animais também sempre está presente nas roupas. A ligação entre os animais e a marca faz parte do seu ideal pessoal?
Frederique: Eu sempre gostei dos animais e utilizo suas imagens em alguns dos meus modelos todas as estações. Eles fazem parte do universo Manoush de conto de fadas cheio de fantasia, e sempre foram uma inspiração para mim. Uma das vezes quando fui ao Marrocos acabei adotando um cachorro que tinha sido vítima de maustratos e que estava quase morrendo. Aquilo mexeu comigo e me motivou a defender esta causa, mesmo porque a nossa imagem também está associada aos bichos.
Em um mundo que pensa cada vez mais no meio ambiente e na ecologia, esta é uma causa que ganha cada vez mais importância. Nós sabemos o quanto é difícil para estas associações arrecadarem fundos. Por isso, todo ano tentamos ajudar um pouco e temos projetos de contribuir no próximo ano ainda mais convertendo o lucro de um dos modelos de t-shirt inteiramente para a Elga.
Campanhas Manoush: em ordem - coleçao verão 2009 e outras estações anos anteriores. O universo de magia e fantasia ganha o toque gypsy chic!






Lindona, este teu Blog está muito chique. Amei a entrevista, mas devo ser sincera... Amei ainda mais as fotos do Editorial, no mais belo estilo CONTO DE FADAS. Tudo a ver! Que maravilhoooooooooso! Mega sucesso pra vc, sempre! Beijos mil!
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